terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Enfim, a neve!!!!

"A neve (originada do termo latino nix ou nivis) é uma ocorrência meteorológica que consiste na precipitação de flocos formados por cristais de gelo. Cada floco de neve é composto por água congelada em uma forma cristalina que, devido à sua grande capacidade de refletir a luz, adquire aparência translúcida e coloração branca. A precipitação desses flocos ocorre com frequência nas zonas de médias e elevadas latitudes do do planeta Terra, uma vez que consistem em regiões de clima frio e temperado. Também não é incomum sua ocorrência nos pontos mais elevados do planeta, caso das nevadas registradas em algumas formações montanhosas e planaltos serranos"
*fonte - Wikipédia

Queridos leitores, enfim aconteceu!!!! Já estávamos a praticamente 10 dias perdidos na gelolândia e nada dela aparecer!!!! Aonde estaria o mundo branquinho que eu idealizei??? Cadê o boneco, o anjinho e a guerra de bolinhas de neve que tanto queríamos fazer??? Estava frustada! Um frio de lascar e nada dos floquinhos brancos aparecerem... 

Era sábado, acordamos pela manhã e lá estava ela, linda, branca, fofinha... Caia aos montes do céu... Juro que me emocionei! E não precisam rir da minha cara não, tá??? O mais perto que eu já tinha chegado de neve eram os algodões que eu colocava na arvore de natal ou a fantasia de boneco de neve que eu usei uma vez numa apresentação de balé (feita toda de espuma, para uma apresentação em pelo mês de dezembro - Ainda bem que as fotos ficaram na minha mãe... Quase que impublicáveis! kkkkkk). Era lindo de se ver... NEVE! Me senti naqueles filmes que sempre passam na época de natal. Queríamos sair para brincar. Queríamos ver a neve de pertinho! Tomamos café e lá fomos nós, os 4 patetas, pra fora do prédio. O apartamento em que morávamos dava fundos para uma espécie de parque, com um pequeno bosque. E lá fomos nós. Confesso que achei estranho quando andei na neve a primeira vez. Ela estava alta, meus pés afundavam, mas estava feliz, me sentia uma criança!

Nem preciso mencionar a alegria dos meninos. Ou melhor, preciso sim!!! Eles saíram correndo, deitaram, rolaram, fizeram anjinho, jogavam neve um no outro. Tenho a impressão de ter visto o Biel colocando neve na boca, mas ele é criança, então tá valendo! rs.

Ficamos um bom tempo ali, brincando. Fazer guerrinha de neve é legal pacas!!! Ver o marido tomando um capote quando ia me jogar uma bolona de neve na trairagem, melhor ainda! (Não se preocupem, ele não se machucou, mas se tivéssemos filmado daria uma ótima vídeo cacetada!).

Foi um dia diferente, divertido... Nosso primeiro contato com a neve realmente foi emocionante e vai ficar na história... 

Tive alguns outros contatos interessantes e cômicos com a neve, mas isso é uma outra histórias....

                                               
                                                     A abominável pegada das neves                            


                                             Não, a foto não está manchada... É neve mesmo!


                                                                    Snow Angel


                                                                     Guerra!!!!


                                                     Você não me acerta!!!!!! kkkkk


                                       
                                        Sim, essa "pequena" bola voou na cabeça do Biel!



                                                                         Frio!!!!!!

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Dani em: A Escuridão

Bättre tända ett ljus än förbanna mörkret / É melhor acender uma vela do que amaldiçoar a escuridão - Ditado Sueco

Pois é queridos leitores, vamos falar dela: Da escuridão.

Eu já havia mencionado nos primeiros posts sobre o susto que eu tomei, ao chegar aqui e me deparar com céu escuro as 16:00. Pois é... se vivenciar a primeira vez é difícil, imaginem só como é se acostumar com isso.

Logo nos primeiros dias percebi que não era só o dia que acabava mais cedo, a noite também custava a acabar!

A Suécia está muito próxima do Círculo Polar Ártico, por isso, a partir da segunda metade do outono até o início do inverno a quantidade de luz solar emitida diariamente vai sendo reduzida gradativamente, até o solstício de inverno, que é o dia do ano com a menor quantidade de luz. Na prática, posso dizer que é horrível se adaptar e conviver com essa escuridão  O sol começa a nascer às 8 da manhã e começa a se por mais ou menos às 15 horas. Às 16:30 já estamos numa escuridão total.

Ai começam as trapalhadas... Já acordei as 8 da manhã, atrasada claro, pensando que ainda eram 6. Já comecei a fazer o jantar as 15:30, num desespero tamanho achando que já eram mais de 19hs. Já briguei com os meninos as 19hs pra que eles fossem pra cama, achando que já passavam das 22hs... Enfim... eu já quase não sou atrapalhada, agora sem conseguir distinguir o dia da noite então... Confesso que os primeiros dias foram bem caóticos. Me perdia no tempo e no espaço direto! Então tive que apelar. Usava despertador pra tudo! Pra acordar, pra fazer almoço, buscar as crianças na escola, banho, fazer jantar, dormir, TUDO! Era um saco! Mas fazer o que? era o único jeito eficaz de AMENIZAR as minhas perdidas de hora e atrasos sem fim. Aqui, o povo é muito pontual... Está ai mais uma coisa com a qual eu tenho que me adaptar... 

Meu relógio biológico, nos primeiros dias se recusou terminantemente a aceitar esse papo de escuridão. Mais ou menos às 19:00 nós já estava podre da silva. Imagine só como não deve ser no norte da Suécia (nós estamos no Centro Sul), aonde eles tem ainda menos luz e podem passar alguns dias do ano na escuridão total??? Que dó! Que dó!

Devido a esse breu que se instala por aqui, os médicos e especialistas recomendam que as pessoas, tomem vitamina D, para repor essa defasagem de nutrientes que são adquiridos naturalmente com a luz do sol.  Essa vitamina eh recomendada para pessoas que tem pouca exposição ao sol e tem tido sintomas como fadiga,desanimo, cansaço e depressão. Depressão... esse babado é meio tenso por aqui. Reza a lenda que a taxa de suicídios aqui cresce durante o 
período de escuridão. Seria isso lenda urbana??  Sei não... 

Claro que nunca tomei essas vitaminas! Se eu não consigo lembrar de tomar meu polivitaminico que, tecnicamente eu deveria tomar todos os dias por todo o resto da minha existência, imagina lembrar de tomar vitamina D!

Mas tirando o cansaço chatinho dos primeiros dias... Curto a escuridão.. Acendo velas.. canto e danço pra espantar a uruca e decididamente descobri que durmo muto melhor do que no período de claridade (ahhhhhh o verão e seu caso de amor com minha insônia).

A escuridão, no começo realmente assusta, mas hoje posso dizer que PERDI O MEU MEDO DO ESCURO!

Estocolmo as 8 da manhã no período da escuridão

Estocolmo as 15:45 no período da escuridão

terça-feira, 15 de janeiro de 2013

1 ano, uhuuuuu!!!!

Extra, extra.!!!! Interrompemos nossa transmissão cronológica para anunciar...SOBREVIVI A UM ANO NA GELOLÂNDIA!!!!

Pois é, meus caros leitores (que coisa mais chique, eu tenho leitores!!!!) ontem 14/01/2013 completou 1 ano que pisamos dessa terra gélida. Muita coisa aconteceu vivi muitas aventuras, paguei muitos micos, conheci pessoas que vão estar pra sempre na minha vida, assim como conheci pessoas que não faço a menor questão de que estejam nela. Me surpreendi, me decepcionei, ri, chorei, gritei, dancei, enfim... VIVI!

Saudades, com certeza eu senti, mas a satisfação do aprendizado, da conquista e do crescimento amenizam esse sentimento que é doce e amargo.

Recebi visitas queridas (Ana, Su, Tati, Herbert, Jana, Indira - Voltem sempre!). 

Contei com a ajuda, amizade e companheirismo de pessoas que,  hoje são parte da familia (Joyce, Rodrigo, Dani, Petrilli, Paty, Fred, Jeniffer, Jorgen, Carol, Marcela, Jucilene, Alberto, Evellyn - OBRIGADA POR TUDO! ESPERO QUE ESSES LAÇOS CRESÇAM CADA DIA MAIS!!!)

Quebrei paradigmas, venci preconceitos, fiz amigos de vários lugares do mundo. Pessoas que me ensinaram que existe muita coisa além de um rótulo, uma nacionalidade. Me ensinaram a acreditar sempre no meu coração e continuar a enxergar a pessoa que está além de qualquer diferença. Essas pessoas reforçaram mais ainda o meu pensamento de que o que faz a pessoa é o caráter e não sua religião, nacionalidade, orientação sexual ou cor (Stella, Nara, Weisly, Lakshimi, Ramazan, Adel, Saif, Senaif, Katarina, obrigada por reforçar o meu modo de ver as pessoas desprovida de preconceitos)

Conheci brasileiros incríveis. Pessoas com quem eu pude,  virtual ou pessoalmente, compartilhar experiências, me divertir. Com eles a risada é garantida - ou você tem o seu dinheiro de volta - (Joka, Olavo, Norma, Alina, Igor, Marcio, Diego, Jean, Joyce, Inês, Eduardo, Larissa, Dani, Ana, Poliana, Luciana, Renata, Ju só tenho uma coisa pra dizer... TAMUJUNTO!!!)

Contei com o apoio dos amigos que ficaram no Brasil, que apesar de longe, sempre estiveram presentes (Talita, Sabrina, Ju, Lu, Nash, Lilian, Dani, Gui, Willian, Cid, Cleiton, Jamile, Eli, Rosileine, Pri... AMO FOREVER).

Contei ainda com o apoio e torcida da família (primos - não vou escrever o nome de todos pq é gente pra caramba - tios, vó, cus... AMO VCS)

Contei também com a força primordial dos meus pais e sogros. Não sei ao certo se eles me deram força ou se foram fortes ao lidarem com a distância (Pai, mãe, sogro, sogra, espero estar deixando vocês orgulhosos!)

Enfim, não poderia deixar de falar do meu marido e filhos... Sem a força e unidade que temos dentro de casa NADA disso seria possível. FAMÍLIA, AMOR MAIOR E ETERNO! Obrigada, meus três homens, por não me deixarem cair, por me aturarem até quando eu to de TPM e acordo de mal humor. Obrigada por me amarem do jeitinho que eu sou! Amo vocês...

Sei que estando longe, estou deixando de vivenciar muita coisa. Não estou vendo meu afilhado crescer, não estou participando de eventos de família, mas acredito que é por um bem maior. E, todos sabem que, mesmo de longe, estou mais perto do que nunca (Skype, facebook, declaro aqui o meu grande amor por vocês!!!)

Pois é queridos leitores (ainda acho isso chique demais!!!!), esse foi apenas o meu primeiro ano na gelolândia... Quem venham outros com muito mais aventuras, afinal de contas... AGORA EU TENHO UM BLOG QUE TEM QUE SER ALIMENTADO DE BOAS E VERÍDICAS HISTÓRIAS!!!!

PS: Juro que o próximo post volta pra ordem cronológica dos fatos, afinal de contas, meu blog é maluco, mas minha maluquice é organizada!!!!

sábado, 12 de janeiro de 2013

Socorro!!! Precisamos de roupas novas!

Sabíamos que aqui era frio. Sabíamos que precisávamos de roupas adequadas para temperaturas negativas. Até compramos casacos no Brasil! Mas esses casacos, coitados, apenas amenizavam a friaca. 

Tudo bem que a gente (e provavelmente nem os casacos - rs) não tinha a menor noção do que era um frio de -5, -10 graus, mas na minha doce inocência, achei que um monte de roupas e o meu casaquinho maneiro iriam resolver. Ledo engano. Precisávamos de roupas próprias para o clima daqui. E lá vamos nós, no nosso segundo dia em Estocolmo fazer nada mais, nada menos do que COMPRAS!!!

Fomos, juntamente nossos guias oficiais, Dani  e Petrili, ao Stockholm Quality Outlet (visite o site AQUI), que é um conglomerado de lojas M-A-R-A-V-I-L-H-O-S-O, onde achamos coisas muito legais com um ótimo precinho. Lá, enfim, compramos nossos preciosos casacos de neve. O Biel não ganhou um casaco, ele ganhou um overall , que nada mais é do que um macacão bem quentinho que as crianças usam no inverno. Confesso que ele ficou parecendo um ursinho com aquele trem. rsrs

Compras feitas, estômago nas costas, e lá foi a patota rumo ao IKEA (gente, o IKEA é sueco, viu???). Confesso que até aquele momento eu e minha infinita ignorância de capiau não tínhamos a menor ideia do que seria o IKEA. Também, quem manda não ter esse treco no Brasil??? Esclarecendo: IKEA é uma loja gigante, que tem em vários países do mundo. Eles vendem móveis, utilidades domésticas, cama, mesa e banho, coisas pra jardinagem e mais uma infinidade de coisas, só que tudo é na base do "faça você mesmo". Lá você escolhe o seu móvel ou o que quer que você queria comprar, vai sozinho até o estoque, pega da prateleira e carrega pra casa. Você pode PAGAR para entregarem e montar... bom pelo preço que eles cobram, acho bem difícil alguém se dispor a pagar (conheça o IKEA AQUI). Mas, naquele momento, o que interessava a gente era somente o restaurante do IKEA. Primeiro porque estávamos morrendo de fome, segundo porque seria a nossa primeira experiência com a comida sueca. Confesso que até hoje, ADORO ir comer no IKEA. A comidinha de lá é simples e danada de gostosa! Mas no que tange a comidas suecas e minhas aventuras com ela, vocês já sabem, outro post contará. 

Voltamos pra casa, cada qual com seu casaco na sacola, passamos no shopping, compramos cada qual a sua respectiva bota de neve, porque depois de 288 quase tombos, chegamos a conclusão de que seria um item de suma importância em nossas vidas e seguimos felizes para nossa casa provisória, certos de que nossa próxima aventura seria quente e menos escorregadia...

Realmente precisávamos de roupas adequadas


 Gelo no chão e a gente de tênis... Escorregava???? Imagina!!!!


Nem tava frio.... E nem escorregava!!! kkkkk

sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Enfim, A Suécia!!!

Depois de muita expectativa e de uma viagem típica da família Simpson, enfim chegamos ao nosso destino... A Suécia!!!

Claro que, como se tratava da gente... bem... desembarcar com toda aquela tralha, passar no Duty Free (que por sinal, o daqui é bem, bem fraquinho!)... E lá vamos nós pegar as nossas 9 malas! Imaginem a confusão! Era mala demais e gente de menos para carregar! Outra aventura foi convencer os meninos que eles tinham que colocar aquele monte de roupa, porque, apesar de dentro do aeroporto estar quente, lá fora estava muito frio (a caipirada não estava acostumada com algo chamado calefação e aquecimento - kkk).

Passado esse momento tenso, lá vamos nós e nossas infinitas malas para fora do aeroporto. Estávamos todos com fome, tomamos um lanchinho e saímos do aeroporto para procurar um táxi. Juro que tomei um susto! Olhei no relógio umas 20 vezes. Achei que estava ficando doida, que estava confusa pela diferença de fuso horário... sei lá! Lá fora estava escuro, mas o relógio marcava 15:30!!! Como isso seria possível??? Confesso que demorei a me acostumar com a escuridão, mas minhas aventuras com ela serão contadas em outro post.

 Voltemos a questão do táxi. Pensa comigo... Não seria em qualquer táxi que seria capaz de carregar minha pequena mudança de mão. Pensei num caminhão, ou coisa parecida, mas ai lembrei que esse tipo de veículo não circula como táxi.  Para nossa sorte, aqui existe um serviço chamado Maxi Táxi, que nada mais são que van, amarelinhas fazendo corrida como táxi normal, para carregar muitas pessoas. No nosso caso.. MUITAS MALAS! rs

Enquanto esperávamos o táxi, tivemos o nosso primeiro contato "cara a cara" com a tal da neve. Ainda não tinha nevado muito e tinham apenas pequeninos montinhos da coisinha branca pelo chão. Mas foi o suficiente para os meninos se deliciarem...

O Táxi chegou, o motorista fez cara de "quem é esse povo retirante que está chegando aqui" e lá fomos nós pro nosso novo endereço.

O apartamento era bem legal! Espaçoso, bonitinho... Ficaríamos ali por 3 meses. Tratamos de descarregar as tralhas, reconhecer território e avisar os parentes que tínhamos sobrevivido a  todas as trapalhadas possíveis e imagináveis. 

Logo saímos, apesar de lá fora parecer, tipo, meia noite, ainda eram 18hs e precisávamos comprar comida. Essa foi a nossa primeira grande aventura, a pé, em solo sueco. Primeiro: descobrir o caminho de casa para o shopping (Google Maps, apesar de sempre indicar o caminho mais longo, obrigada por você existir!); Segundo: Se manter em pé andando de tênis no gelo. Pessoas, na boa, é tenso demais andar no gelo sem sapato apropriado! Mas eu e meus infinitos tombos e escorregões merecem um post só pra eles.

Encontramos com um casal, que até então eu não conhecia (apenas meu marido conhecia o outro marido) num shopping pertinho de casa. Eles já moravam aqui a algum tempo e, graças a Deus eles nos acompanharam ao supermercado. Sem a ajuda deles acho que estaria tentando descobrir o que era o que naquele lugar até agora! (Dani, Petrili... VALEU!!!!).


Comemos e  voltamos para nosso cantinho provisório, afinal de contas, estávamos todos cansados e queríamos descansar, para podermos explorar a gelolândia a luz do dia!!!!

Biel feliz da vida com seu farelo de neve!

                                

       
              Sim, eram 18 hs!!!!

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

A Viagem - Parte 2

Despedidas feitas. Chororô amenizado, bora embarcar. Tipo, saí de casa com vários planos de fazer comprinhas no meu querido Duty Free, mas como boa brasileira que sou, obviamente que estava atrasada. Com meus planos consumistas desfeitos, me restou apenas carregar toda aquela tralha correndo para dentro do avião.

Pensem: Eu nunca havia viajado para fora do país, portanto, jamais tinha entrado num avião tão grande. Era um mundo de gente. E como somos mega sortudos, tivemos que atravessar o avião inteiro com duas crianças e uma tonelada de bagagem de mão, pois nossos assentos eram praticamente os últimos.

Ai começa a confusão. Nos acomodamos nos nossos lugares felizes da vida. Reparei que, apesar do avião ter como destino a Alemanha (fizemos conexão em Frankfurt), praticamente metade dos passageiros da classe econômica era composta por mulheres chinesas.

Na fila logo a frente da nossa tinham 3 chinesas, cada qual com um chinesinho de colo e no banco bem a minha frente um alemão. Uma chinesa sentada a umas 5 filas para frente e que deveria ser amigas das 3 mencionadas acima, solicitou ao alemão troca de lugar (só pra esclarecer, fiquei com dó das comissárias. A chinaiada não falava nada além do que CHINÊS e as coitadas tinhas que se desdobrar para entender o que elas queriam) e o mesmo não quis. Logo pensei comigo: dou duas horas pra ele se arrepender. Dito e feito! Coitado do moço! Aquela deve ter sido uma experiencia aterrorizante pra ele!  Os bebes choravam demais!

Enfim o avião decolou. Bye, bye Brasil!

Mas não pense que acaba aqui... esqueceu que foram 15 horas de voo? 

Estávamos felizes e contentes. Os chinesinhos tinham calado a boca, estava tudo calmo e IAM SERVIR O JANTAR! o Biel já estava me atormentando dizendo que estava com fome. Como nossos assentos eram um dos últimos, seriamos os primeiros a serem servidos (Os últimos serão os primeiros! kkkkk).  Mas como alegria de pobre dura pouco, logo que colocaram aquele pratinho na nossa frente o avião começou a chacoalhar. Pensa numa turbulência da brava! Daquelas que você sente que está numa montanha russa que desce desgovernadamente por uma estrada completamente esburacada. Pois é, foi mais ou menos por ai. Me senti um polvo tendo que segurar minha comida e bebida, a comida e a bebida do Biel, que estava ao meu lado, me segurar na poltrona e segurar o Biel. Tudo ao mesmo tempo! Foram 10 segundos, no máximo, mas foram os 10 segundos mais longos da minha vida. 

A Chinesada gritou demais! o Biel também. Juro que eu achei que fosse de medo, mas não... Logo que acabou tudo ele gritou : DE NOVO! DE NOVO! DE NOVO!

O resto do voo transcorreu na mais completa paz. O avião pousou. Tivemos que esperar um século para desembarcar (nesse ponto os últimos sempre serão os últimos!). Confesso que tive a visão do inferno quando me levantei. As chinesas da minha frente tinham patrocinado uma verdadeira devastação da boa higiene. Fraldas sujas no chão, restos de comida espalhada. Um verdadeiro lixão. Pensei no Alemão. Que dó!

Desembarcamos e fomos rumo a nossa conexão. Por algum motivo que não consigo entender qual, até hoje, achamos que estávamos atrasados. Saímos correndo  mais uma vez, com aquele mundo de malas para chegar a tempo no nosso portão de embarque. Chegamos... com 2 horas de antecedência. Mais uma vez... Bye, bye planos consumistas! Bye, bye Duty Free!

Pegamos nosso voo e literalmente apagamos. Os 4! Quando acordamos já estávamos numa paisagem completamente diferente de tudo aquilo que conhecíamos. Vimos neve, pela primeira vez! Sim... Tínhamos chegado ao nosso destino. ESTÁVAMOS NA SUÉCIA!

                                                                   O Avião

                                                              Os Retirantes

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

A Viagem - Parte 1

Seria um insulto a essa história toda se eu não dedicasse um post todo somente a viagem. Você pode me perguntar : O que de tão interessante pode ter ter acontecido em apenas 15 horas de voo para ser tão relevante ao ponto de ter um post só pra isso? Eu respondo: Todo tipo de maluquices e bizarrices possíveis e imagináveis.


Tudo começa na saída de casa. Foram necessários 3 carros para levar toda a nossa pequena bagagem. Gente, pensa comigo: Eu precisava trazer muita coisa! Estava saindo do calor brasileiro, para um mundo gélido, com duas crianças que precisavam ser aquecidas e com a perspectiva de ver as minhas coisas somente em 3 meses! Sim, minha mudança só chegaria em 3 meses. Nesse período viveríamos em um apartamento alugado pela empresa.

Pensei... Meus filhos não tem roupas suficientemente quentes, portanto terei que colocar várias roupas, uma em cima da outra, para os bichinhos se aquecerem.

Com aquele frio, como a roupa vai secar??? Gente, podem falar que eu sou burra, mas vamos combinar que nunca tinha saído do Brasil, pra mim lavar roupa era igual em todo lugar. Lava no tanque e na maquina de lavar com água fria, seca no varal e passa à ferro! Eu ia lá saber que aqui as lavanderias dos prédios são modernosas e que em 4 horas eu lavaria, secaria e passaria a roupa de uma semana toda??? Então, por gentileza, deem crédito a minha preocupação.

Outra coisa que me preocupou: O que essas crianças vão comer??? Gente, eu sabia que não íamos passar fome, mas tinha a impressão de que não acharia um montão de coisas com as quais as crianças estavam acostumadas. Resumo: as malas vieram cheias de "quitutes brasileiros" como feijão, farinha, gelatina, suco em pó, doce de leite, chocolate (como se aqui não tivesse!) entre outras coisas.

Não preciso dizer que rolou um certo excesso de bagagem. Tipo, tínhamos direito a 8, sim eu disse 8 malas e mesmo assim eu consegui a proeza de providenciar 9! Dai explica-se a necessidade dos 3 carros acima mencionados e da "felicidade" estampada nos olhos do meu marido me fitando enquanto saia para pagar o excesso de bagagem... a bagatela de 100 dólares. Porém, acho que ele deveria ter me agradecido. Afinal de contas, mulher prevenida vale por duas! Pena que a segunda, no caso, não tinha direito a bagagem nenhuma... rsrs.

Claro que eu ainda não mencionei as bagagem de mão! A mochila do meu marido, minha bolsa, a mochila do Biel, seu Bongo gigante de pelúcia e três bolsas contendo um quadrilhão de roupas de inverno. De uma coisa eu tinha certeza. De frio, ao menos por hora, não iriamos morrer!

Enfim chegou a hora mais difícil. Tínhamos que dizer adeus a todas as pessoas queridas que ali estavam. Tentei não chorar, mas foi difícil. 

Não pensem que é fácil abandonar tudo que sempre foi referência pra  você e simplesmente embarcar rumo ao desconhecido. Deixar pai, mãe, família, amigos, profissão e assumir a responsabilidade de criar, só você e seu marido, duas crianças num lugar completamente estranho. Confesso que abraçar meus pais foi a parte mais difícil, mas eu já estava ali, não tinha mais como desistir.

Não teve jeito, fiz a louca (como sempre!!! kkkk) e lá fomos nós rumo ao desconhecido...

(...continua...)




Comissão de despedida

A Mudança

Nunca pensei que mudar fosse tão trabalhoso. Nunca pensei que eu tivesse a capacidade de acumular tanta tralha! Só de lembrar, eu juro que já fico cansada!

Separar o que vai, o que não vai, o que vai na viagem, o que vai na mudança... Sim, nós trouxemos nossas coisas do Brasil. Móveis, panelas, tudo! Claro que só fizemos isso porque tal regalia estava inclusa no pacote da transferência e fora integralmente patrocinada pela "tia Ericsson" (não, não me perguntem o preço, porque eu não sei. A unica coisa que eu tenho certeza é que deve ser caro pra xuxu!)

Só pra situar você no tempo e no espaço. Nos mudamos no dia 13 de janeiro de 2012. Nossa mudança saiu nesse mesmo dia, pela manhã (embarcamos a noite), operei meu joelho direito no final de setembro (4 pinos, 1 placa, muita fisioterapia e 4 MESES DE BENGALA), Tato, meu filho mais velho, operou o apêndice no final de outubro, com direito a ficar uma semana no hospital, tirar passaporte, viajar pra Brasilia para tirar os vistos... Só esse monte de coisas.

Confesso que organizar uma mudança não é fácil. Imagina fazer isso se equilibrando primeiro em muletas e depois em uma bengala? Missão quase impossível! Graças a Deus minha mãe e minha tia me ajudaram a organizar tudo. Foram elas que fizeram praticamente todo o serviço pesado, dada a minha impossibilidade. 

Claro que só uma bengala não é o suficiente. Imagina você, em meio a organização dessa mudança ter que ficar DE BENGALA, uma semana no hospital acompanhando seu filho que fora operado. Imagina que isso tudo ocorreu a UMA SEMANA da sua viagem para Brasilia para dar entrada no processo de visto. Imagina que isso tudo aconteceu a UM MÊS E MEIO antes do seu embarque. Loucura?? Imagina!!!

Fora isso tínhamos mais um monte de coisas pra organizar. Vender carro, fazer procurações para nossos pais poderem nos representar no Brasil, fechar conta em banco, tirar um tanto de documentos, traduzir outro tanto desses, passar meus processos para outro profissional... Ufa! Pensei que não fossemos dar conta!

Dica importante para que for se aventurar como nós: DEIXAR ALGUM PARENTE COMO SEU PROCURADOR, CASO TENHA ALGUM BEM NO BRASIL, E NÃO ESQUECER DE FAZER CONTAR NA PROCURAÇÃO AUTORIZAÇÃO PARA TRANSAÇÃO DE DINHEIRO E REMESSA DE VALORES PARA O EXTERIOR. Essa procuração é feita no cartório de notas e sem essa especificação a transação de dinheiro via banco pode ser um tanto complicada.

Acabada a fase burocrática, restou-me apenas a parte da mudança propriamente dita, ou seja, A BAGUNÇA!

Meu apartamento virou um verdadeiro depósito! Caixas para todo lado. Milhões de coisas para serem doadas, outras milhares ainda para serem encaixotadas... Enfim, CAOS, define bem a situação.

Era estranho ver meu castelo ser simplesmente encaixotado. Minha vida estava toda em caixas pronta para atravessar o oceano de navio! E olha que eu nunca tinha viajado de navio. Seria justo minha vida ter esse privilégio antes de mim?

Confesso que por mais que sentimentos surgissem, ainda não tinha me caído a ficha de que estava me mudando de país. Que estava prestes a deixar tudo para trás. Que veria meus pais, família e amigos apenas uma vez por ano, se muito.

Nem com as muitas despedidas que eu tive, a ficha não caiu.

A ficha caiu mesmo, quando os caras da empresa responsável pela mudança chegaram e carregaram o contêiner. Meu apartamento ficou vazio. Meu mundo não estava mais lá. Fiquei sozinha e chorei. Chorei muito. Chorei de tristeza. Chorei de saudade antecipada. Chorei de medo. Simplesmente chorei.

Mas já não tinha muito o que fazer. O meu lindo castelo já estava num caminhão rumo ao porto e a princesa estava prestes a embarcar. E como boa princesa que sou, jamais me permitiria viajar com cara de acabada! Coloquei um sorriso no rosto e parti. Parti rumo ao aeroporto para mais uma aventura...  

A Decisão

Já que é pra começar, que seja bem do começo! Comecemos por "tomar a decisão".

Pensa numa decisão difícil de ser tomada! Pois é, essa sem dúvida foi uma dessas.

Marido recebe a proposta: Uma vaga legal na mesma empresa onde ele trabalhava. O único detalhe é  que a tal vaga era uma pouquinho mais longe do que a Marginal Tietê. Essa vaga era em Estocolmo, na SUÉCIA!

Tipo, pouco sabia sobre a Suécia. Sabia que era na Europa (dããããã),; sabia que era onde ficava a matriz da empresa onde meu marido trabalha; que a rainha tinha pai ou mãe brasileiro (não sabia qual era, mas agora eu sei - Ela é filha de um alemão com uma brasileira. Nasceu na Alemanha, mas morou durante 10 anos em São Paulo - Saiba mais aqui);que lá se falava uma língua muito, muito esquisita e que era muito, muito frio.

Diante da quantidade de informação que eu tinha, ou seja, praticamente nenhuma, comecei a pesquisar. Descobri coisas incríveis a respeito do país que, até então, poderia vir a ser meu lar (falarei especificadamente de cada coisa pesquisada a seu tempo, aguardem!).

Era um sentimento dúbio para mim. Seria uma experiência incrível. Meus filhos teriam uma das melhores educações do mundo DE GRAÇA; eu poderia fazer meu mestrado; seria uma oportunidade ímpar na carreira do meu marido; eu iria morar na Europa (desculpa, mas isso é chique demais! rsrsrsrs), sem falar na qualidade de vida, segurança, entre outras coisas. Mas ai vinhas os pensamentos ruins e os medos: E se a gente não se adaptar? Se eu não aguentar o frio (sempre tive muito problema com o frio)? Será que as crianças vão gostar? Eles vão se dar bem na escola? Vão aprender com facilidade o idioma? Vão fazer amigos? Como eu vou me virar sem falar uma mísera palavra de sueco e com o meu inglês tupiniquim totalmente meia boca? Vale a pena largar minha carreira para ser, mesmo que temporariamente, para ser dona de casa? Vou deixar meus pais no Brasil? E se eles precisarem de mim? E os meus amigos? Minha casa? Meus discos? Meus livros? Meu mundo? Tantas perguntas... Tantos medos... Mas a decisão precisava ser tomada. A gerente daqui já estava ficando um tanto impaciente (e olha que ela foi legal demais e esperou até!). Enfim dissemos SIM. Aceitamos a proposta com a completa sensação de SEJA O QUE DEUS QUISER.

Bem Vindo aos Navegantes!!!

Um ano... Mas afinal, o que é um ano? 365 dias? Diante de tudo que aconteceu no meu ultimo ano, posso dizer que "um ano" pode ser muita coisa.

Inicio de uma nova vida; período de adaptação; tempo de amadurecimento e aprendizado; tempo suficiente para viver aventuras e pagar micos inesquecíveis; tempo para fazer amizades... Enfim, esses últimos 365 dias, para mim, foram de descobertas diárias e incertezas mil. Foi apenas o meu primeiro ano aqui na Suécia (Gelolândia para os íntimos).
          
 Esperei um ano para publicar esses blog, apesar de já ter muitas histórias escritas e tantas outras para escrever, pois precisava saber se iria sobreviver a toda essa experiência maluca e aos infinitos tombos (meu traseiro e o chão congelado tem um caso de amor infinito. Não vivem um sem o outro!!!!).

Bom, ao que parece, sobrevivi e com muitas, muitas histórias pra contar!

Sejam bem vindos ao "Perdida na Gelolândia"!!! Divirtam-se e conheçam um pouquinho mais do meu mundinho branco e gelado!